Por Ricardo
Luiz Cruz
O regime militar, que governou o Peru entre 1968 e 1980, organizou o
comércio de café com base no discurso de que as cooperativas de cafeicultores
deveriam ter primazia na exportação do grão diante das empresas “privadas” - trata-se
de um produto que tem como principal destino os mercados estrangeiros. O fim do
regime marca o retorno não apenas da democracia ao país como também do ideário
do “livre mercado” na ordenação ou regulação da economia nacional. Durante os
anos de 1980, os cafeicultores – reunidos numa “federação” de cooperativas de
produtores de café – se contrapuseram à “liberalização” da exportação do grão,
iniciada no começo da década, dado que havia retirado suas prerrogativas
comerciais. Para seus líderes ou porta-vozes, essas prerrogativas eram
moralmente legítimas, na medida em que os comerciantes tenderiam a “explorar”
ou “espoliar” os agricultores. Entretanto, ao longo dessa década, as empresas
privadas passaram a dominar o comércio de café no território nacional. No
início dos anos de 1990, o “movimento cooperativista cafeicultor” se
rearticulou num “grêmio” criado por algumas cooperativas que fizeram parte da
“federação” das organizações de produtores de café do país. Uma nova geração de
líderes ou protagonistas desse movimento social entrou em cena. Ela era formada
por pessoas que aceitavam como legítima a ideia da “livre competição” ou “livre
concorrência” entre os agentes ligados à comercialização do grão. Este texto
analisa essa mudança no posicionamento do movimento cafeicultor frente à
organização do comércio de café com base na ideologia do livre mercado.
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